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Pinóquio: Antes e Agora

Pinóquio: Antes e Agora

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A Disney transmite-nos lições de vida através de magia e cores, Matteo traz-nos um mundo mais cruel e aproveita para fazer uma crítica à sociedade.

Criado por: Sofia Correia em 01 / 11 / 2020

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Já não é novidade de que os clássicos da Disney estão a regressar à tela em versões diferentes. E ao vermos os novos filmes é impossível não sentirmos nostalgia, ainda que, moderna e com cenários mais realistas.


Mas enquanto alguns realizadores priorizam a história do filme original, outros arriscam uma nova abordagem e até adicionam personagens e ações que antes não existiam. Ou então, focam-se no livro que originou a adaptação para cinema.


Hoje trago-vos o mais recente filme de Matteo Garrone, realizador italiano, que decidiu dar uma vida nova ao Pinóquio. E neste caso acho mesmo que o reinventou!


Vou escrever-vos sobre o que considero serem as maiores diferenças do Pinóquio de Matteo e o Pinóquio da Disney lançado em 1940.


“Neste país, os inocentes vão para a prisão!”, esta frase é do novo Pinóquio e não existe no original. Escolhi-a porque acho ser perfeita para caracterizar o mundo hipnotizante desta versão.


Enquanto que a Disney nos transmite lições de vida através de magia e cores, Matteo traz-nos um mundo mais cruel e aproveita para fazer uma crítica à sociedade que parece ser atemporal. Este novo mundo do Pinóquio é totalmente inspirado na obra "As Aventuras de Pinóquio" do escritor italiano Carlo Collodi e por isso, já sabemos que os dois filmes são bastante diferentes!


O Pinóquio interpretado por Federico Ielapi, foge às regras e evita ao máximo seguir os conselhos do Grilo Falante e em comparação com o Pinóquio que conhecíamos, este é muito mais desobediente. Continua a ser misterioso e continua a espalhar humanidade com o seu coração gigante, mas também nos deixa com os nervos à flor da pele.


O mais fácil apontamento que vos posso dar é este: Tanto crianças como adultos podem sentir-se perturbados pela violência que o novo filme tem. E esta é claramente a maior diferença.


É uma espécie de conto de fadas sombrio e nesta adaptação a história é mais difícil e tem alguns momentos desagradáveis. Não posso negar que é um exemplo de pura criatividade e até tem novas cenas que me aqueceram o coração. Mas, talvez porque todos os filmes da Disney me levam aos tempos de criança, não aceitei de bom agrado um Pinóquio mais escuro.


Não quero contar-vos os novos detalhes nem falar muito sobre novas personagens porque a experiência vai ser realmente diferente daquela que a Disney deu. Mas vale apontar para o facto de que Matteo foi bastante fiel ao livro. E sabem o que me apercebi depois de sair do cinema? Que todos crescemos com versões coloridas do mundo em vez de histórias de ficção infantil que podem ter espaço para magia e espaço para a crueldade realista e pobreza humana.


O novo Pinóquio explora uma história de fantasia dentro de um mundo real e a ingenuidade perde-se! Por um lado, dou bastante crédito ao realizador por esta visão, mas por outro lado creio que teve tendência para dramatizar em muitas cenas.


Do filme da Disney para o filme de Matteo há muitas diferenças, como a criação de Pinóquio, a relação dele com a fada, o encontro com os vilões a Raposa e o Gato ou a curta aventura com a família de marionetes e o seu patrão maléfico. Mas há uma diferença bonita que quero destacar:  O pai. Geppetto, trazido carinhosamente por Roberto Benigni, tem mais tempo de antena e faz-nos apaixonar por ele porque vive intensamente para cuidar do novo filho, arriscando sempre a própria vida.


Se falarmos no modo geral, todo o elenco é impecável, a tela é preenchida por paisagens magníficas, a banda sonora faz-nos acreditar que os contos de fadas existem e o realismo é muito bem misturado com as histórias ficcionais. Mas então, vocês perguntam, o que é assim tão difícil de convencer nesta nova versão?


O exagero!! Nenhuma personagem é esquecida e algumas acabam por se tornar bizarras, estranhas e dramáticas. Irritou-me o juiz gorila e o atum cansado e monótono e até o caracol maternal me desapontou, apesar de ser protagonista da cena mais hilariante de todo o filme. E estas personagens não aparecem na versão da Disney.  


O tom do filme é grotesco e depois de mais de duas horas senti-me cansada. É sombrio até na mensagem final, em que vemos Pinóquio a ser explorado para finalmente se tornar um rapaz de verdade.


Enquanto que o filme original ensinou gerações a nunca mentir, a versão italiana sublinha os defeitos da sociedade e faz um reflexo da maldade que nos rodeia. 


O mais importante que é mantido de um filme para outro é o forte sentimento de proteção do pai e da fada. Ambos lutam por Pinóquio e nunca desistem de o tentar ajudar, mesmo quando o universo conspira contra ele e o obriga a embarcar em aventuras perigosas.  


Para ser verdadeiramente sincera, sempre achei Pinóquio uma história completamente bizarra e o realizador italiano tornou-a num espetáculo exuberante e estranhamente satisfatório. Chegou para superar a animação da Disney? Creio que não… mas sou suspeita, escrevo como fã da Disney e esta criança não está preparada para crescer desta forma.




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