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IndieLisboa: Competição Nacional - Curtas 2

IndieLisboa: Competição Nacional - Curtas 2
Reação dos fãs:
A Competição Nacional de Curtas conheceu mais um capítulo nesta 17ª edição do Festival IndieLisboa.
Criado por: Ricardo Santos Silva em 29 / 08 / 2020
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No quarto dia de IndieLisboa, tivemos nova mostra das curtas portuguesas a competição.
Começámos por ver "O Cordeiro de Deus" de David Pinheiro Vicente, curta que foi selecionada para competição na edição deste ano do Festival de Cannes, uma curta explêndida.
A história passa-se na Soalheira, aldeia da Beira Baixa, do concelho do Fundão, de onde o pai do realizador é natural. Ele tentou aqui dar uma roupagem nova a certas histórias que foi ouvindo contadas pela família de acontecimentos reais passados na altura do Estado Novo, alguns bem macabros.
Uma ação rápida, que tem no centro a relação entre um pequeno rapaz e o seu cordeiro que poderá ser sacrificado para as festas populares que estão a acontecer naquele momento. O rapaz, esperto, parece saber de tudo e está disposto a tudo para salvar o seu amigo, mesmo que a mãe lhe diga que o cordeiro só se vai embora durante uns tempos, mas que voltará.
Muito bem realizado, com imagens lindas, e grandes interpretações, dislumbra-se um futuro promissor para este realizador.
Em "Semanas de Areia, Meses de Cinza, Anos de Pó", Rita Macedo começa por nos apresentar Macau através de imagens belíssimas, algumas captadas por ela, outras, cedidas por outras entidades. Trata-se quase de uma aula de geografia e geologia que rapidamente transporta o espectador para um drama familiar, o drama da sua própria família.
Sem grandes ligações parece que vimos dois filmes dentro de um, e a narração podia ter sido feito com mais dinâmica, com mais diferenciação, ao contrário da monotonia apresentada. No entanto, vemos uma forma de contar histórias através de uma forma de filmar paisagem e caminho, muito interessante e o fim é arrebatador.
A terceira curta, "Somewhere in Outer Space That Might Be Happening Somehow" de Paulo Malafaya, é um trabalho do jovem realizador de quando este ainda estava no secundário. Começou a filmar no 10º ano e acabou de o editar no fim do secundário. Quando começou a gravar nunca pensou em fazer um filme, era apenas uma forma de expressar algo que não conseguia expressar no dia-a-dia.
É a pessoa mais jovem de sempre em competição no IndieLisboa, mas, para mim, foi um filme algo assustador, quase uma mensagem de pedido de socorro de alguém deprimido, uma masturbação pseudo-intelectual que fica só aí nesse campo.
A última curta, "Errar A Noite", traz-nos tal como a primeira, alguém que entende o cinema em maior concordância com a minha visão do que é um bom filme.
Bons diálogos, bom argumento, ótimas filmagens e uma história forte, sobre uma personagem que trabalha na noite e não consegue ir dormir, quer continuar a vivê-la e depois, torna-se "vampiro", "morcego", vive de noite e dorme de dia, e as responsabilidades vão ficando para trás. É a vida em suspenso e um limbo perigoso muito bem contado pelo realizador Flávio Gonçalves.