Já estreou na Netflix, o documentário “Anelka: O Incompreendido” que conta a carreira cheia de escândalos de Nicolas Anelka, futebolista francês e um dos melhores avançados da última década do futebol mundial.
Este documentário começa muito bem em termos cinematográficos com o plano de Anelka a andar no deserto (acho que do Dubai onde vive atualmente). Começa por contar o que o jogador fez na sua carreira em cada ano civil desta.
E que carreira… ele que saiu dos subúrbios de Paris para jogar numa das mais conceituadas academias francesas de futebol, Anelka estreou-se pela equipa principal do Paris Saint Germain aos 16 anos, já com uma mentalidade ganhadora, de que queria jogar para demonstrar todo o seu potencial. Sem ter muitas oportunidades, protagonizou uma transferência polémica para o clube inglês Arsenal com apenas 17 anos, tendo mesmo sido origem para discussão de uma lei que vigorava até então no futebol francês.
A partir daqui, o documentário agrada-me ainda mais porque vejo Anelka a marcar muitos e bons golos com a camisola do Arsenal, o meu clube favorito em Inglaterra, mas também porque sabe-se aqui de uma história que poderá ter mudado a carreira de Anelka para o que ela foi. Sem jogar muito na primeira metade da época, há um jogo em que Anelka decide não ir, apesar de estar convocado, e Wenger (treinador do Arsenal na altura) vai até ao quarto do jogador e pede-lhe para não desistir e para ir ao jogo que chegará a oportunidade dele. Anelka decide ir ao jogo e, o avançado titular lesiona-se ainda na primeira parte, Anelka é o escolhido para o substituir e faz um jogo incrível, é coroado o melhor jogador do jogo e não mais sai da equipa do Arsenal, fazendo manchete em muitos jornais, ganhando títulos no clube de Londres e começa a ser reconhecido no mundo inteiro.
Entre transferências quase sempre escandalosas e muitos golos, vamos percebendo a pessoa que Nicolas Anelka é fora dos relvados, um pai dedicado, um sonhador e um homem assertivo de ideias fixas. Vemos estas facetas todas concentradas quando vemos uma imagem dele no carro, depois de ter assistido a um treino de futebol dos filhos em que lhes diz que o treino é muito importante, é importante tentar tudo, porque, se não o fizerem no treino de certeza que não fazem no jogo, e se não fazem no jogo, não ficam melhores futebolistas.
É um retrato chocante quando nos aproximamos do final do documentário e percebemos a verdadeira história do escândalo do mundial de 2010 quando foi expulso da seleção, como os jornalistas mancharam a campanha de um país numa competição tão importante e como um homem ficou sem possibilidade de defesa de uma mentira.
Resta-me só apontar que, mais uma vez ficou aqui visível um mau trabalho de legendagem para português de conteúdos na Netflix, vemos com cada erro ou palavra estranha que até dá dó.