O Rei de Staten Island… de Judd Apatow com Pete Davidson, tinha tudo para correr bem e não é que correu mesmo?
Correu talvez não seja o termo acertado, porque este filme nunca corre, nunca corre para um final, para um tipo de discurso, para um momento, não corre para nada, é tudo feito com calma, no seu tempo, para cada pessoa que o veja poder apreciar a magnífica obra que é.
Pete Davidson é Scott Carlin, um rapaz depressivo depois da morte do pai que vive envolto na sua bolha de humor negro e sarcasmo por não se conseguir dar com ninguém ou ter um caminho dito “normal” na sociedade civil.
Quando a irmã vai para a faculdade e Scott apercebe-se que a mãe voltou a namorar e que esta o vai expulsar de casa, a vida dele tem que mudar. As constantes noitadas a fumar charros em casa de amigos e não querer saber de nada deixam de fazer sentido, e, ao fazer babysitter dos filhos do namorado da mãe, Scott ganha uma nova vida, um novo propósito.
Pelo que escrevo pode parecer um filme normal dos subúrbios de Nova Iorque mas não é, de todo. O filme está brilhantemente escrito por Judd e Pete e o papel de Pete é fenomenal, capaz de ir da comédia ao drama, e sempre com um sentimento de que aquilo é mesmo Pete e não a personagem que está a interpretar.
Esta história é inspirada na história de Pete que perdeu o pai, bombeiro (tal como o da história), no 11 de setembro e a forma como ele teve que lidar com a vida depois disso. Eu, que já passei pelo mesmo que Pete, vi ali muita coisa que também fiz, muita coisa contra a qual também lutei. Mas, mesmo para quem ainda pode ver este (e outros) filme com o seu pai, os problemas e pressões de alguém que está a entrar na fase adulta são comuns a tanta gente que este filme poderá ser importante para ajudar a ultrapassar essa fase. É um filme que me fez olhar para vida com um sorriso, porque, por mais difícil que seja, está sempre rodeada de momentos bons e é a esses que nos vamos agarrar.
Quero destacar ainda as interpretações de Bill Burr, o namorado da mãe e de Maude Apatow, a irmã de Scott (Pete Davidson) que, em momentos diferentes, ajudaram a elevar ainda mais o filme, e o excelente trabalho que Pete Davidson fez durante as 2h16min de duração.