Não conhecia Phyllis Schlafly até ver esta série que se baseia na história da ativista conservadora e que se opôs aos movimentos feministas da década de 70 nos EUA.
Mrs. America examina uma parte crucial da história americana e assume uma posição didática em que nos ensina sobre os primeiros movimentos feministas e sobre líderes que foram contra esses movimentos.
Esta minissérie da HBO, criada por Dahvi Waller, conta-nos o conflito que existiu entre mulheres liberais que lutaram pela aprovação da proposta de Emenda da Igualdade de Direitos. Estas mulheres querem validar e garantir direitos iguais para as mulheres, proibir a discriminação e terminar com a ideologia de que o lugar da mulher é na cozinha. Basicamente é isto.
Honestamente, acho que tem um ritmo lento e um tom muito denso. Mas não é isso que a trava de ser uma série importante. Chamou a minha atenção por ser um drama histórico. O que vemos é o relato de um grupo de mulheres que lutaram pelos seus direitos e quando começaram a ter influência, surgiu outro grupo de mulheres que lutava pelos valores de uma família tradicional e que defendem a mulher como uma dona de casa e mãe de família.
Phyllis Schlafly, interpretada por Cate Blanchett, foi o maior entrave do feminismo na época. Afirmou a sua autoridade com opiniões firmes através da técnica de oratória muito bem trabalhada e persuasiva. Para fazer frente ao discurso antifeminista temos Gloria Steinem (Rose Byrne), que criou uma das primeiras revistas femininas, Shirley Chisholm (Uzo Aduba), a primeira mulher negra a concorrer à presidência; Bella Abzug (Margo Martindale), uma política que soube jogar com um congresso liderado por homens e Betty Friedan (Tracey Ullman), que escreveu o livro A Mística Feminina.
Mrs. America teve todos os elementos juntos numa história que me deixou frustrada e com muita raiva do início ao fim. Pode ser uma série pequena e com isso, tem pouco espaço para o desenvolvimento das personagens, porém tem espaço o suficiente para criar tensão. E se estivermos dispostos a fazer daquela luta a nossa própria luta, creio que o sentimento de frustração e raiva vai ser comum.
Quando dei conta que esta luta de 50 anos ainda existe, deixa-me triste. Gosto de séries que nos incentivam a procurar respostas e nos ensinam história. Mrs. America é indicada para nos ajudar a refletir e talvez adotar diferentes posturas.