Eu, que nunca fui fã de novelas, agora tiro o chapéu a esta série da HBO. Digo novela porque, a série não tem muitas novidades para abrilhantar a história. E quando isto acontece o foco passa inevitavelmente para as personagens que devem ser conduzidas de uma forma bastante inteligente para contar a mesma história várias vezes. Personagens essas que de tão mesquinhas que são, acabam por se tornar bastante interessantes e até consegue despertar-nos alguma empatia.
Seguimos a história da família Roy. Esta família gere o quinto maior grupo de media e entretenimento do mundo. Abrange desde canais de televisão até parques temáticos. Um império que de si só já dá problemas suficientes, quanto mais ser gerido por uma família com a Roy.
Logan (Brian Cox) tem 80 anos e é o pai e dono do grupo. É conhecido pelo punho forte e mau feitio, mas também deve ser esse o segredo para ser um homem bem-sucedido. Está numa fase em que deseja preparar a sua reforma e por isso deve escolher um dos filhos para assumir os cargos. Dentro da lógica, o mais indicado seria Kendall (Jeremy Strong), o filho extremamente dedicado e que tenta seguir os passos do pai.
Os problemas desta comédia surgem quando Logan decide continuar a comandar o império e impede o filho de assumir o poder. Até ao momento em que Logan sofre um derrame cerebral e a empresa começa a perder lucros e sucesso.
Para além de Kendall, temos outros herdeiros ao trono. Roman (Kieran Culkin), que é cheio de boas intenções, mas não é empresário nem entende como deve gerir o negócio, Shiv (Saraha Snook), uma política que aproveita o poder da família para o seu benefício e Connor (Alan Ruck), o filho irresponsável que só lhe interessa o dinheiro.
A primeira temporada tem o foco na disputa dos filhos para herdar os poderes da empresa do pai. Já na segunda temporada, além de continuar essa competição, a família agora enfrenta as consequências do golpe de Kendal e de um escândalo sexual que colocam em causa o futuro da empresa.
Creio que a segunda temporada é, de longe, a mais cativante. É que agora, os quatro irmãos herdeiros tentam uma difícil união para todos manterem o estilo de vida a que estão habituados. E esta união frágil resulta em cenas verdadeiramente engraçadas.
É importante falar sobre Jeromy Strong no papel de Kendall. Nota-se uma evolução excecional neste ator, porque quase nos dá duas personagens numa. Consegue ser um Kendall enfraquecido pela sombra do pai que o faz gaguejar quando estão no mesmo sítio e depois transforma-se num Kendall cheio de confiança a partir do segundo que o pai desaparece.
Sucession reúne comédia e drama e conquista-nos com os diálogos de ironia e sarcasmo tão característico em todas as personagens.