Mike Schur foi quem criou esta série e só podia ser de um génio. O produtor, argumentista e realizador mostrou pela primeira vez que é um verdadeiro talento da comédia na versão americana The Office. Criou as séries Parks and Recreation e Brooklyn 99 e escreveu mais de 130 episódios do Saturday Night Live. The Good Place não podia ser diferente. Para mim, só vem depois de The Office!
Quatro temporadas depois, acabou e o último episódio encerra a história de forma brilhante. Os protagonistas descobrem a verdade sobre o Lugar Bom e o Lugar Mau e a mensagem desta série, que nos é entregue agora, é daquelas que tu sempre soubeste só não sabias que sabias. Fiz-me entender ou não? O episódio final é inesperado e de uma beleza transversal que emociona e homenageia todo percurso das personagens até ao fim.
A série é sobre o que acontece depois da morte. Mais vida. De forma humorística, The Good Place apresenta uma reflexão sobre o mundo, o ser humano e o destino. Mas a série não quer apenas dar-nos um cenário fictício de um segundo mundo e uma segunda vida. Acho que o intuito da série é explicar quais são os aspetos que fazem de nós bons ou maus.
O que descobrimos é que, ser 100% correto nas nossas ações nem sempre é garantia de que depois da morte vamos para o Lugar Bom. Quem desvenda todo o mistério são os quatro protagonistas Eleanor Shellstrop (Kristen Bell), Chidi Anagonye (William Jackson Harper), Tahani Al-Jamil (Jameela Jamil) e Jason Mendoza (Manny Jacinto). E depois da verdade, é este o grupo que vai mudar todo o sistema e classificar uma pessoa como boa ou má vai começar a ser totalmente diferente.
O que me faz gostar tanto é que a série é toda das personagens e mesmo aquelas de menos destaque tiveram oportunidade de brilhar. Para além disso, tem a audácia de debater sobre a vida e a morte. Ensina que nós não podemos ser definidos apenas como bom ou mau. O que importa não é ser perfeito, mas sim tentar ser melhor hoje do que no dia anterior, superar as dificuldades, corrigir os erros e ser honesto, mesmo quando o nosso comportamento não é o mais correto.
A série enfrenta corajosamente questões filosóficas através da sua sugestão sobre o que irá acontecer depois da morte. E melhor do que isso, atreve-se a dar-nos uma visão do que nós poderíamos ser. E poderíamos ser muito melhores!