Precisamos Falar Sobre o Kevin

Já viste este filme? Não?!
Então é por isto que tens de ver este filme o mais depressa possível:

Há sempre alguém que fala sobre os filmes realizados por mulheres, mas às vezes falamos mais sobre o género do realizador do que sobre o seu trabalho. Lynne Ramsay definitivamente merece ter mais pessoas a falar sobre o seu trabalho.

Antes de Nunca Estiveste Aqui, realizou este filme e apresentou uma visão única e robusta para contar histórias que muitos não teriam estômago para sequer tentar fazer. Infelizmente, com o passar do tempo, este filme torna-se cada vez mais relevante, mostra com extrema honestidade o que é estar dos dois lados, mostra o monstro, mas também todos ao seu redor e como eles devem aceitar que a pessoa que mais deveriam amar também é a pessoa que não conseguem parar de odiar.

Nas atuações, não é surpresa nenhuma que Tilda Swinton teve a melhor prestação, fez um trabalho incrível, ela até pode ter uma personagem que não dá nas vistas e deixa os silêncios gritarem a sua dor, mas são Ezra Miller e Jasper Newell que para mim, tomaram conta das atenções do filme.

Ezra é ameaçador e assustador, e o que o torna ainda mais assustador é como ele age de forma tão vazia de emoções. Se isto é difícil, é ainda mais difícil ter um ator que acompanhe e corresponda a tudo isto e Jasper Newell faz na perfeição e com tonalidades de entrar e sair de uma criança perfeita para um monstro assustador.

Infelizmente John C. Reilly parece um pouco deslocado e não parece estar no mesmo nível do resto do elenco, ele é um ótimo ator, mas às vezes temos sério problemas em esquecer os seus papéis anteriores e mais cómicos.

Este é um filme sobre muitas coisas: uma mãe e como ela convive com o passado, o presente e principalmente o futuro de estar numa situação horrível, sobre problemas psicológicos e como as pessoas fingem não ver os sinais naqueles que amamos e é sobre a maldade.

É também sobre como a sociedade lida com isto, quem culpam sem pensar no outro lado da história. Talvez possa ajudar-nos a abrir os olhos.