Sou fã, muito fã de Sherlock Holmes. Conheci a personagem com os filmes de um dos meus realizadores preferidos,
Guy Ritchie, quando
Robert Downey Jr. interpretou o investigador privado e fiquei deliciado com a personagem e com as histórias originalmente escritas por Sir Arthur Doyle, quando
Benedict Cumberbatch lhes deu vida na
série da BBC.
Quando descobri que a
Netflix estava a preparar uma coisa neste universo fiquei ansioso e em suspenso de felicidade. A verdade é que, para meu desgosto foi apenas um filme e não uma série mas, para meu deleite, Sherlock dá o lugar de personagem principal à irmã, que aqui se chama Enola.
Enola Holmes foi criada pela mãe sozinha na casa de campo da família enquanto os irmãos faziam o seu nome na civilizada cidade de Londres, na mais alta nata da sociedade. Sherlock, o melhor investigador privado e capaz de resolver qualquer crime e Mycroft, um alto funcionário do governo britânico. Quando a mãe dos três desaparece e Enola fica sozinha com 16 anos, os dois vão regressar para cuidarem da irmã. Só que, a irmã não quer ser cuidada da forma que Mycroft, o irmão mais velho, quer.
O filme tem algo muito curioso, a inexistência da quarta parede, a parede que corta a ligação entre as personagens e o público. Essa parede é deitada abaixo pelos diálogos e explicações que Enola tem com o espectador, pequenos monólogos que são mostras do grande trabalho que a atriz fez neste filme. A ação é pincelada por algumas colagens bem no início da narrativa para ajudar a explicar a infância de Enola, colagens muito bem feitas.
Millie Bobby Brown (Enola Holmes) que agora a vemos com o seu sotaque britânico (lembrou-me muito o sotaque de Hermione Granger, personagem de Harry Potter interpretada por Emma Watson) e as expressões, a forma como atua na sua personagem para a ação do filme e para falar com o espectador é incrível e mais uma mostra do grande talento desta jovem atriz.
Quando a este universo e personagens se junta um significado social e político como o sufrágio eleitoral a ser alargado a mais membros da sociedade, o filme torna-se ainda melhor.
Henry Cavill aparece pouco no filme, mas sempre que aparece, aparece bem, a encher o ecrã, que presença assinalável. Pelo contrário, acho que a performance de
Sam Claflin como Mycroft é fraca e chateou-me bastante.
Ficou espaço para uma sequela, onde veremos Enola a ser senhora da sua vida e a deixar de fugir dos que a querem influenciar, para assim poder ser mais um membro especial da família Holmes.