Uma Sereia em Paris de Mathias Malzieu é tudo aquilo que não contava encontrar quando vi o título e o póster do filme. Nunca na minha vida se aplicou tanto o ditado, “não julgues o livro pela capa”, e o ditado foi continuando a fazer sentido durante o filme, à medida que as surpresas iam desfilando no argumento aqui apresentado.
A história de amor aqui representada é para todos, para os românticos, para os que não aguentam romance, para aqueles que, romance, é um acrescento que vale a pena e para aqueles que não aguentam nada sobre o que é fantástico e irreal. A história está tão bem contada e envolta num lençol de terno romance e amor que, passou a figurar na lista das minhas altas recomendações.
Gaspard é um cantor num bar muito próprio, bar idealizado pela sua avó e que passou para a mãe e pai que o aprimoraram e transformaram num lugar de culto em Paris, um bar que tem lugar dentro de um barco atracado no rio Sena. Um bar de idealistas, de artistas, de sonhadores, onde a imaginação é palavra-chave e chave-mestra. Este não é, de todo, um filme em que uma sereia dá à costa e apaixona-se por alguém que a tenta salvar dos outros humanos que só se querem aproveitar das suas propriedades mágicas para enriquecer. Ou que o homem é arrastado para o mar e ganha poderes de Poseidon para ficar com a sua amada.
É um filme feito sobre paixão, amor e felicidade e um quê de solidão. Mesmo a “vilã” do filme atua por amor, tenta fazer coisas que vão contra a história dos protagonistas porque o amor que sente assim a leva a fazer.
A banda sonora deste filme é fantástica, tem momentos musicais de incrível qualidade, filmados com primazia e excelência e onde, a caracterização e guarda-roupa estão magníficos. Caracterização essa que atinge o seu apogeu na cauda da sereia, na junção entre escama e pele humana que está um pináculo artístico, Marilyn Lima que interpreta esta sereia assustada e deslumbrada tem um papel incrível e está muito bem acompanhada por Nicolas Duvauchelle que interpreta Gaspard.
É um filme capaz de deixar um sorriso no espectador durante quase toda a sua duração, não estamos perante nenhuma obra prima, mas também não estamos perante algo que possamos ver e esquecer, algo que seja mais um, porque não é. É bom!