The Boys

A segunda temporada de “The Boys” veio tomar de assalto o meu coração, amei e para sempre vou amar. É uma brilhante continuação do extraordinário conceito que nos foi apresentado na primeira temporada.

Começa, no entanto, com uma coisa estranha para mim… Ver Giancarlo Esposito e conseguir diferenciá-lo da personagem que encarnou em “Breaking Bad”, Gus Fring é difícil, mas o primeiro episódio bastou para isso se começar a desvanecer, Esposito faz um papel novamente incrível e numa produção de grande sucesso, amuleto da sorte ou… talento e bom trabalho trazem bons resultados? Talvez a última hipótese. 

Esta temporada é ainda mais violenta, tem mais traições, mentiras, omissões de verdade, pessoas que não são o que parecem e muitas, muitas surpresas.

A personagem “Homelander” começou a enervar-me nesta temporada, aquele sorriso falso sempre igual, sempre aquela extrema necessidade por atenção, deu-me nervos mas, acredito ser esse o objetivo desse personagem e Anthony Starr faz um papelão aqui. 

Esta série é tão importante! Nesta temporada vemos uma mostra de como o feminismo e a luta pela igualdade de género são muitas vezes conceitos usados por equipas de marketing para vender produtos, aqui se calhar ficou até uma pequena dica/boca/picada à Marvel e pela forma como venderam a sua equipa de super-heroínas no último filme da saga “Os Vingadores” (Os Vingadores: Endgame). 

A nova adição ao elenco, Aya Cash, faz um papel incrível que é absolutamente odiável por causa do que ela faz e diz e representa mas esta atriz, senhoras e senhores, faz um ótimo papel, ela que a conhecemos de papéis mais cómicos e que aqui, é tudo menos isto. Veio trazer uma nova dinâmica à série que já começava a ser mais do mesmo, bom, mas mais do mesmo.

É surpresa atrás de surpresa nesta série, e sempre paralelo a um pensamento sobre algo, sobre um tema fraturante da sociedade e isso faz desta série, algo muito maior, é entretenimento com conteúdo, com mensagem, e bem sei como é raro ver algo deste género. Entre os temas falados, há até uma alusão à cientologia, e à facilidade com que seitas/religiões podem agarrar uma pessoa que está perdida, sem rumo, e explorá-la e às suas posses financeiras. 

O episódio 6 tem algum do melhor product placement que alguma vez vi. A cena passa-se enquanto Hughie está numa cama de hospital e Butcher e Annie falam dos produtos de higiene que ele usa, e que conseguem identificar pelo cheiro, é brilhante.

Não conhecia, de todo, Tomer Capon (Frenchie) mas se já na 1ª temporada me surpreendeu, então na segunda é um absoluto deleite vê-lo, agora que descobrimos mais sobre o seu passado da sua personagem. Ainda para mais a relação que está a construir com Kimiko é impressionante e dá um toque de humanismo e esperança a esta série.

De tudo o mais, esta série pensa. De todos os problemas que afetam a nossa sociedade, esta série trata, também nesta temporada, temos super-heróis a usarem as redes sociais para criar movimentos racistas, contra a imigração para os Estados Unidos (muito à semelhança do que vemos Trump e outros fazer) com discursos de ódios e factos deturpados; esses super-heróis usam memes e discursos populistas para moldar opiniões, e é tão difícil ver que a facilidade demonstrada na série é semelhante ao que se passa no mundo real...é uma série mesmo muito atual, e muito importante.

Digo-vos, a minha experiência a ver isto foi incrível. Há muito tempo que não ia ver o último episódio de uma temporada com esta vontade e ansiedade de saber o que se iria passar, talvez desde o fim de “A Guerra dos Tronos” e meus amigos e amigas, o fim é explosivo e tudo o que esta temporada precisava. O último episódio é estupendo e termina uma temporada de proporções estratosféricas. Esta é das melhores séries de sempre! Arrepiante!