Filmes e Cenas
/
Series
/
Pátria
/
Review
Pátria
Reação dos fãs:
Temporadas: 1
Data da Estreia: 27 / 09 / 2020
Última Temporada: 08 / 11 / 2020
Total de Episódios: 8
Duração por Episódios (aprox): 50 minutos
Em Produção: Não
Linguagem: Espanhol
Produtora /s:
HBO Europe HBO España
Tua reação:
Partilha
Review
Reviews: 88
Seguidores: 2
Pátria - Temporada 1
Reação dos fãs:
07 / 11 / 2020
Que coragem!
Há muito tempo que não via uma série tão corajosa como Pátria.
Esta é a mais recente série espanhola criada por Aitor
Gabilondo e uma aposta da HBO que eu digo ser um tiro certeiro.
Aitor fez uma adaptação do livro de Fernando Aramburu,
e ao longo de oito episódios constrói uma narrativa fortíssima que analisa os
anos em que o grupo terrorista, ETA, lutou pela independência do País
Basco.
Esta série é uma lição de muitas coisas e uma delas é de
coragem. Mas, preparem-se. Pátria é acima de tudo uma história de dor. E mesmo
que seja difícil e triste tem algumas luzes que fazem a diferença nas nossas
vidas.
Pátria usa diferentes linhas do tempo que até parecem
desorganizadas, mas depois percebi que é intencional. É preciso estar atento a
Miren e Bittori, as mulheres que, corajosamente, nos vão desmistificando cada
episódio.
Tudo começa com o assassinato do marido de Bittori (Elena
Irureta), Txato (José Ramón Soroiz), pelas mãos de ETA, na década de 1980.
Depois damos um salto temporal para 2011 e começamos a acompanhar Bittori que
regressa à sua terra para descobrir o que realmente aconteceu com o marido.
É aqui que conhecemos Miren (Ane Gabarain)
e Joxian (Mikel Laskurain), o casal amigo de
Bittori e Txato no passado, mas que já não falam com a viúva no
presente. Também somos apresentados ao filho mais velho, Joxe
Mari (Jon Olivares), que está preso por pertencer ao grupo terrorista e à
irmã, Arantxa (Loreto Mauleón) que é completamente dependente dos
pais depois de sofrer um ataque cardíaco.
Com o regresso de Bittori à terra para procurar respostas,
temi que fosse ver uma luta que me ia fazer tomar lados. Mas não, Pátria não
aponta dedos… pelo contrário.
Através de Bittori e Miren, começamos a ter uma análise
profunda dos dois lados da luta. E são elas que espelham os lados opostos e de
uma forma bastante coerente, sem nunca se tornar "apaixonada". Isto
porque, Pátria tenta entregar-nos a verdade em factos.
Vão ouvir muito sobre liberdades e direitos mas,
inesperadamente, não vão sentir que a ETA ou qualquer outro grupo de luta ganha
espaço. Não se trata de quem tem razão e do que é mais justo. Trata-se de
entender a dor de todas as famílias, independentemente do lado que
estiver.
Bittori representa o lado das vítimas das ações da ETA
e Miren representa o lado de quem viveu próximo do grupo dos terroristas.
Os episódios 1 e 2, para além de serem introdutórios, são
bastante desenvolvidos em carga dramática. Mas isto pode ter efeitos negativos,
às vezes são cansativos e tornam-se demasiados longos, em que é preciso parar e
respirar antes de voltarmos para o próximo.
Mas também é logo nestas cenas iniciais que descobrimos uma
série com excelentes diálogos de personagens muito bem construídas.
Ane Gabarain e Elena Irureta são as
estrelas!! Cumprem na perfeição tudo o que lhes é exigido, fizeram-me sentir
dor e amargura. Mostraram-me todos os lados do terror e da coragem e acima de
tudo, não tentaram ter razão. Tentaram ser verdadeiras e foram!
Algo que achei extraordinário foi a frequência com que
encontrei personagens a explicar acontecimentos passados a outras personagens
para logo a seguir termos uma cena que demonstra exatamente esse acontecimento.
As cenas violentas tornam-se insuportáveis de ver só pelo poderoso relato ou
descrição das personagens. Isto faz com que a narrativa seja imbatível.
Esta série é só mais um exemplo de qualidade que a HBO já
nos está a habituar há algum tempo. O sétimo e penúltimo episódio é magistral.
Perfeito em todos os aspetos e tem um poder assustador. Assustador porque é uma
hora completa de tortura e raiva de um polícia cego por vingança. A tensão que
se vive neste episódio polémico é de outro mundo e Aitor Gabilondo conseguiu
construir cenas seguidas de dor e sofrimento que não sufocam, mas abre-nos uma
ferida grande no peito.
Se a recomendo? Sem sombras de dúvidas! O melhor, para mim,
foram as excelentes atuações de atores que nos fazem um retrato doloroso sobre
o passado violento do País Basco. E logo a seguir, são as poderosas cenas sem
diálogo em que apenas acompanhamos momentos trágicos que marcaram a vida de
milhares de famílias, num silêncio ensurdecedor.
E pensar que tudo aquilo aconteceu mesmo ao lado e nem foi
assim há tantos anos. Por isso, é importante ver Pátria. Para que ninguém
esqueça o que aconteceu e que nunca se volte a permitir massacres humanos como
estes.
Transmita tua reação:
tags: