Mank

David Fincher está de volta e, como esperado, entregou-nos um filme tecnicamente perfeito, mas vindo dele, esperava mais do que perfeição.

Este filme é sobre a história de um dos filmes mais icónicos e disruptivos já feitos, "Citizen Kane" ou em bom português, “O Mundo a Seus Pés” que, quando foi lançado em 1941, estava muito à frente do seu tempo e moldou muitos dos filmes que vimos até hoje.

Este filme é uma homenagem a tudo isto, mas esqueceu que também deveria tentar e ser algo seu e não só uma homenagem.

Fincher mostra em todas as cenas o porquê de ser um dos melhores realizadores e contadores de histórias de todos os tempos. Cada cena é linda, conta uma história e cria uma reação do público. Não há um elemento sobre o qual ele não esteja no controlo total, mas, ao contrário da maioria dos seus filmes, falta a energia e a ferocidade que nos deixam nervosos.

Dito isto, acho que esta nunca foi a sua intenção. Isto é uma carta de amor ao cinema! É Fincher a falar sobre a luta dos criadores e como todo o processo é difícil, e isto é inteiramente dado por Gary Oldman. É, simplesmente, incrível como ele rouba todas as atenções das cenas em que está, ao ponto que mais ninguém se destaca. Até mesmo Amanda Seyfried, de quem vi muitos falar, é desapercebida por causa do talento ofuscador de Oldman.

Fiquei realmente impressionado com Erik Messerschmidt que tem aqui um primeiro crédito cinematográfico e oferece-nos algumas das fotografias mais bonitas de sempre.

Então, este filme não é revolucionário, mas vamos ser honestos, provavelmente eu não estou assim tão impressionado porque Fincher já me habituou a um nível muito elevado. Porém, é um dos melhores filmes do ano e é um dos que fará barulho na cerimónia dos Óscares 2021. Isto prova que a Netflix está disposta a sair da caixa e arriscar.