The Florida Project

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Duração: 111 minutos

Data de Estreia: 06 / 10 / 2017

Orçamento: $ 2.000.000

Receita: $ 11.303.040

Linguagem: Inglês

Status: Lançado

Produtora /s:

Cre Film Freestyle Picture Company Cinereach June Pictures

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Sinopse

Orlando, Florida. A capital mundial das férias. Um paraíso soalheiro ao qual acorrem anualmente milhões de turistas de todo o mundo, que ali gastam ansiosamente as suas poupanças para férias. Um Reino Mágico que preside sobre incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos e estâncias de férias. Mas a escassos passos destes 112km2 área de magia, a história que se conta é bem diferente...

Review

ranting

Reviews: 88
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Mães passam às filhas e as filhas passam a ser as mães

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05 / 12 / 2020

Sempre ouvi dizer que a nossa infância molda-nos para o resto da vida. Nem sempre entendi o sentido desta frase, se calhar, porque falo de uma posição privilegiada. Daquelas em que, quando olhamos para trás, só vemos arco-íris, felicidade e sonhos possíveis.


Doeu… quando me apercebi que o mundo não é a tela de cores que Sean Baker nos mostra neste “The Florida Project”.


Deixa-me triste saber que, pelo mundo fora, há infâncias pouco afortunadas e crianças com perfis traçados sem nunca terem tido escolha. Não escolhemos nascer, muito menos a família.


“The Florida Project” é um dos filmes mais comoventes de sempre. Puro, real, brutalmente honesto e cheio de cores que vão marcar a nossa memória. E nem todas as cores são bonitas.


Este filme apresenta-nos Moonee (Brooklynn Prince), uma rapariga de 6 anos, que aproveita o Verão para fazer o que qualquer outra criança faz… passa tempo com os amigos. A mãe dela, Halley (Bria Vinaite,) foi despedida e vende perfumes a turistas para conseguir pagar o quarto onde vivem.


Brooklynn e Bria foram dois monstros. No bom sentido, claro.


Primeiro, não eram atrizes profissionais nem estudaram para tal. Segundo, nunca intencionaram ser. Terceiro, são monstros da representação e não sabem.


Foi isto que o realizador planeou, um filme de amadores no realismo. Então, foi buscar Brooklynn, uma criança inexperiente que acabou por ter uma interpretação inesquecível, e Bria, uma jovem que conheceu através do Instagram e convidou-a para fazer um teste.


Surpreendentemente, se calhar só para nós porque o realizador sabia na perfeição o que estava a fazer, as duas atrizes tiveram uma química espontânea e no ecrã foram maravilhosas. É impossível ser indiferente a esta relação de mãe e filha que procuram viver no modo sobrevivência.


A história acontece num motel em Orlando, Flórida, que está junto a vários parques de diversão, incluindo o Disney World. O que é irónico nisto é que ao lado do “lugar mais feliz do mundo”, ou seja, na sombra do universo cor-de-rosa de Walt Disney, vivem milhares (ou até milhões) de pessoas em motéis coloridos que disfarçam a miséria de cada uma dessas pessoas.


Willem Dafoe, o único ator experiente do elenco, é Bobby, o manager do motel e aquele que representa uma figura paternal tanto para Moonee como para Halley. Teve momentos brilhantes, mas sinto que teve a missão de se retrair na maior parte das cenas porque, ali, quem interessava não era a personagem dele.


Este motel, é a casa de Halley e Moonee. É entre realidades opostas e que esta criança cresce enquanto é educada por outra criança. Sim, porque Halley é uma criança, só que é das que “teve azar”…


Percebo quando “The Florida Project” é apontado como uma espécie de documentário porque reflete na perfeição a realidade de pessoas que vivem de meros subsídios e tentam sobreviver aos constantes empurrões da vida enquanto são ignoradas por outras pessoas que estão só de passagem para o lugar mais feliz do mundo.


Achei extremamente inteligente o facto de o realizador usar motéis coloridos com nomes mágicos para nos mostrar que a pobreza não é sempre “de caras”. Dentro destes lares, há lutas feias. Pessoas que lutam para comer, para dar de comer aos filhos, para dar de comer aos vícios…


Não é, para mim, o ponto fulcral desta história. Foi Halley que me emocionou. A relação dela com a filha, a relação dela com a melhor amiga, com o manager do motel, com as outras crianças do motel ou até mesmo com outras personagens que pouco intervieram na história.


Halley é um exemplo de milhões iguais. É uma jovem que não teve a sorte que eu tive nem pode falar de posições privilegiadas e nem sabe como chegar lá, porque, simplesmente, a vida não o permitiu. Entristeceu-me profundamente a cena final deste filme.


Fiquei, dias e dias a pensar na Moonee e em todas as crianças iguais a ela. Não convém entrar em pormenores nem spoilers. Mas é um final triste, que me deixou a pensar no círculo vicioso que existe em todos os cantos do mundo. Há demónios que as mães passam para filhas e as filhas passam a ser as mães.


Estamos sempre entre o conceito de fantasia e realidade, mas o filme mostra coisas reais pelo olhar fantástico de uma criança. Conquistou-me por vários motivos e tal vez o maior deles seja o realismo. Não estamos habituados a ver estas caras, que nos ajudam a ver para além das cores do mundo. É um dos filmes mais bonitos e tristes que vi e é, provavelmente, aquele que tem maior coração.


Nunca mais esqueci o momento em que Moonee nos diz que a sua árvore favorita é a que está caída… porque mesmo estando no chão, continuou a crescer. Não é a comparação perfeita?


É uma lindíssima homenagem a todos os que continuam a crescer e a viver a vida com um sorriso no rosto mesmo quando estão constantemente a ser derrubados. 




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